IMPACTO DO PROGRAMA

Anatomy of a Fact-Check: Debunking a False 2-Minute Coronavirus Test

10 de julho de 2020

"Anatomia de uma verificação de fatos" é uma série de entrevistas com organizações de verificação de fatos que participam do programa de verificação de fatos independente do Facebook. Aqui, Barbara Whitaker, uma das líderes da Associated Press Fact Check Desk e editora baseada em Nova York, explica como Amanda Seitz, repórter da Associated Press (AP), desmascarou uma recente alegação falsa que se espalhou nas redes sociais.

Parte 1: a alegação falsa se espalha

Em 31 de março, os meios de comunicação dos EUA receberam um comunicado de imprensa de uma empresa alegando que o governo federal havia autorizado o fornecimento de milhões de exames de sangue que poderiam detectar o coronavírus em dois minutos.
A empresa com sede na Califórnia publicou a notícia no Business Wire, um serviço de distribuição de comunicados à imprensa usado por milhares de meios de comunicação e plataformas online em todo o mundo, incluindo a AP. Vários serviços e políticos proeminentes compartilharam a história, alegando que os testes foram aprovados pela FDA, e um usuário do Twitter com 16 mil seguidores tweetou um dos artigos.
"Tinha alguma coisa errada", afirmou Whitaker. "Poucos dias antes, Trump havia anunciado outro teste rápido que poderia identificar a COVID-19 em apenas cinco minutos. Decidimos verificar o fato, pois as informações eram suspeitas e estavam sendo amplamente divulgadas.

Parte 2: um guia passo a passo de especialistas em verificação de fatos
  1. "Começamos com o site da empresa". O comunicado de imprensa foi publicado por uma entidade que alegava ser uma empresa da Califórnia chamada Bodysphere Inc. "A priori, a empresa parecia legítima, mas quando investigamos um pouco mais, vimos que não era possível sequer encomendar o produto, apesar de o comunicado de imprensa alegar o envio de milhares de testes em aviões de carga para os estados."
  2. "Puxamos registros públicos da empresa". A Bodysphere Inc. não estava registrada no estado da Califórnia. "As pessoas listadas como funcionárias na página da web também tinham problemas com falência de empresas em seu histórico", afirmou Whitaker.
  3. "Telefonamos várias vezes para a empresa, assim como vários especialistas em COVID-19". A equipe ligou para um número de telefone indisponível listado no site da Bodysphere e percebeu, no final da tarde, que o número de telefone havia sido removido da página da web. Também havia vários números de telefone de contato com o CEO da empresa, todos indisponíveis. Então, telefonaram para um homem listado como farmacêutico responsável, e este se recusou a falar ao telefone. Um publicitário da empresa se negou repetidamente a responder aos pedidos de pronunciamento.
    "No entanto", afirmou Whitaker, "a FDA confirmou para nós que esse teste não havia sido autorizado". Também foram consultados especialistas médicos, que confirmaram que o exame de sangue não pode diagnosticar pacientes com COVID-19.

Parte 3: o impacto de uma verificação de fatos bem-sucedida

Depois que a AP publicou um artigo questionando a validade do comunicado de imprensa, a Business Wire removeu o comunicado e anunciou que tomaria medidas para evitar futuros casos de publicação de alegações falsas em sua plataforma. A AP removeu o comunicado de imprensa que havia sido publicado em seu site, embora ele nunca tenha sido usado em uma reportagem da AP.
"Esse foi um importante avanço para nós na verificação de fatos, pois as informações enganosas estavam sendo amplamente divulgadas, e nos principais meios de comunicação. As pessoas poderiam ler sobre o kit de teste e acreditar erroneamente que ele conseguia diagnosticar a COVID-19", afirmou Whitaker. "A experiência reforçou uma lição antiga: nunca acredite em algo apenas porque está em um comunicado de imprensa e sempre pesquise mais do que acha que é necessário — neste caso em particular, isso envolveu investigar o histórico da empresa e seus associados."
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